quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Educação para Adultos

"Que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as conseqüências de sua escolha. Mas isso não será possível se continuarmos bitolando os alfabetizandos com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende. "

FUCK, 1994

domingo, 23 de setembro de 2007

Miúdas bonitas

"Ao final de 12 ou 15 anos voltei a falar com ela ao telefone. Foi estranho. Achei-a rude e até de certo modo agressiva.

Achei que estaria num dia menos bom e que talvez a simpatia tivesse deixado ser uma das suas caraterísticas. Em abono da verdade, a minha mãe diz que não se lembra que ela fosse muito simpática.


Como diz um amigo meu, no liceu as miúdas bonitas andam sempre com miúdas feias ao lado. "É uma simbiose. As bonitas ficam, aparentemente, mais bonitas e as feias ficam com os restos". Ela era a bonita e eu a feia, ou pelo menos assim achava, mas olhando com distanciamento, tinhamos ambas sucesso nos rapazes, nunca nenhuma ficou com os restos da outra porque gostavamos de pessoas diferentes.


Talvez tenha estranhado, que ao final destes anos todos, não tenha havido pitada de satisfação pelo reencontro (telefónico) como aconteceu com outras pessoas do mesmo grupo e com quem estive este tempo todo sem falar.


Comentei com a Rute, uma amiga da época e que também fala com ela.


A Rute responde:- Deve ser contigo, comigo é brusca mas nada disso que tu dizes.

E enquanto conversava com a Rute divagavamos porque motivo ela teria este "problema mal resolvido" comigo. Para ser uma coisa tão entranhada, confesso que apenas me ocorrem cenas relaccionadas com homens.


E foi quando se fez luz.


Na altura ela namorava com o Paulo.No final do último ano lectivo em que estudamos todos juntos, Paulo ofereceu-me o seu cartão da escola onde tinha feito umas alterações. No lugar da sua foto tinha colocado um "Tou" (não sei se se lembram de uns autocolantes que saiam no Bolicao). Era o "Tou te a mirar"

Mas que culpa tenho eu? Não fui eu que comprei o bolicao.


Vistas bem as coisas, também com distanciamento, acho que se eu fosse a namorada do Paulo, nesse momento eu passaria a ser a ex-namorada do Paulo. De qualquer forma eles ainda foram (ou não) felizes durante mais 3 ou 4 anos."

sábado, 22 de setembro de 2007

HISTÓRIA


Uma História da Carochinha


Há uma pergunta que apaixona há décadas todos os automibilistas inteligentes: qual é o melhor carro do mundo a seguir ao Carocha?


O Carocha é tão bom que a Volkswagen, ao verificar que eram indestrútiveis e que haveria sempre um número suficiente para satisfazer todos os pedidos, foi obrigada a deixar de fabricá-lo. Hoje em dia, continua a ser fácil e barato comprar um bom carocha: o único automóvel metafisicamente incapaz de ser de segunda mão.


Pouco depois de acabar a produção de Carochas, a Volkswagen lançou um novo conceito de automóvel: o Golf.


Durante duas décadas resisti à tentação de exprimentar um destes carros. 20 anos é o mínimo para um carocheiro. Tudo o que dura menos que 20 anos é desprezível, considerando que é esse o período de rodagem dum VW 1200.


Há coisa dum ano arredondaram o Golf, num gesto de ternura para com a lembrança do Carocha. Decidi que tinha chegado o tempo de pô-lo à prova. Esperei que me rebocassem o Carochae, sabendo-o na segurança do parque da PSP, com vista magnífica sobre o Tejo e o vale do Restelo, dirigi-me à SIVA onde requisitei um golf.


Quando entrei no carro, senti abater-se sobre mim o peso de 20 anos, muito tempo para que tudo continuasse na mesma.


A ausência das janelinhas triangulares, que permitem um posicionamento preciso do jacto de ar, a não ser a velocidades loucas (como mais de 90 Km/h), obrigou os engenheiros da Vollkswagen a instalar o ar condicionado.


Chocou-me um pouco a tóxico-dependência da electricidade. Um Carocha ... continua

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Quero muito passar este elogio

Elogio ao amor (Miguel Esteves Cardoso - Expresso

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixonade verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão alimesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia aspessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passívelde ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia serdesmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amorcego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, sãouma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nascostas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea porsopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amorfechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor éamor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não sepercebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor éa nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Uma carta para mim :-)

' Por muito duro que seja o caminho, por muito difícil que seja a caminhada, por muito que sintamos que estamos perdidos, há sempre uma porta que nos leva ao lugar certo!
Às vezes esse lugar parece-nos escuro e sombrio. Lá sentimo-nos sós, com frio, desesperados e com medo...
Mas é esse medo, esse frio, esse desespero que nos eleva e nos faz ver que somos o resultado daquilo que criamos. E é desse medo, desse frio, desse desespero, que nasce uma luz que nos faz acordar e que nos guiará no nosso caminho.

As tristezas e o sofrimento de hoje são as alegrias e as felicidades de amanhã. São elas que nos tornam aquilo que somos... Por isso nunca te arrependas dos erros que cometeste, sofre o que tens que sofrer para apagar o mal que fizeste e seguires em frente. Porque tu és aquilo que criaste e o que fizeste não podes mais alterar, mas o hoje e o amanhã são teus e há tempo para mudar.

Não fiques parado no tempo, vive daqui para a frente uma vida bonita, ama tudo aquilo que te rodeia, ajuda os outros sem esperar nada em troca e perceberás que vale a pena sonhar e viver.
Vais aprender que a ajudar os outros é que vais encontrar a felicidade e te sentir completo e preenchido!

Neste momento difícil não estás só! Há tanta gente à tua volta ( que nem consegues ver) que está lá à espera que te tornes naquilo que te estás a tornar e que sempre deverias ter sido.

Tem fé em ti! Eu tenho fé em ti! Eu sei que Deus nunca nos dá uma cruz mais forte daquilo que conseguimos aguentar.

Chegou a hora! Aproveita este momento de dor e de sofrimento para dar o salto para uma nova vida cheia de sentido e de alegria...

Sê feliz!

Abre os olhos e nasce para a vida!
Encontra a paz, vive a paz e fica em paz.

Com carinho'
*****

domingo, 9 de setembro de 2007

Não leias, vai!


" Na praia da Boa Nova, um dia
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto castelo, o que é a fantasia
Todo de lápis-lazuli e coral"

António Nobre

Grãos de areia e beijinhos

Avistei um pára-quedas
Saltaste e...
Lá estavas tu livre, entre os muros que nos separam
Os olhos não escondiam o medo
A voz prendia-se e disfarçaste muito bem a tossezinha nervosa
Contamos todas as rochas e ofereci-te conchinhas

Entre beijos e abraços sussurraste-me ao ouvido
E fizeste-me mais leve

Obrigada por teres voltado!